Ontem a noite, fui cobrado no meio do meu sono por não desejar Feliz Dia das Mulheres ou até mesmo durante o dia, por não ter publicado nenhuma
homenagem no meu face.
A questão para mim é simples. Homenageio as mulheres todos os
dias, as que merecem, nem todas são dignas de que ao menos pronuncie-se o nome
de Mulher com M maiúsculo.
Me recuso a fazer parte da idiotice mundial que domina as pessoas, domina a mídia quando se refere a esta data. No Brasil a hipocrisia reina, porque a maior parte dos homens que distribuíram cartões e frases homenageando a mulher pelo seu dia nas redes sociais, agridem suas mulheres, ofenderam e desejaram a morte de Dilma Rousseff, se congratularam pela morte de Marisa Letícia, agridem e ofendem mulheres de todas as raças e classes nas redes sociais, e ainda incluo entre estes, bom número de mulheres que não perceberam que estão depondo contra si mesmas.
Me recuso a fazer parte da idiotice mundial que domina as pessoas, domina a mídia quando se refere a esta data. No Brasil a hipocrisia reina, porque a maior parte dos homens que distribuíram cartões e frases homenageando a mulher pelo seu dia nas redes sociais, agridem suas mulheres, ofenderam e desejaram a morte de Dilma Rousseff, se congratularam pela morte de Marisa Letícia, agridem e ofendem mulheres de todas as raças e classes nas redes sociais, e ainda incluo entre estes, bom número de mulheres que não perceberam que estão depondo contra si mesmas.
Mesmo recusando a fazer parte deste circo, aproveito o ensejo da cobrança a que fui submetido e escrevo uma carta
aberta a todas as mulheres e homens deste Brasil para que reflitamos sobre o
tal Dia Internacional das Mulheres. Vamos falar de nossa realidade brasileira.
Comemorar e felicitar sobre o quê mesmo?
Comemorar e felicitar sobre o quê mesmo?
Dados do Datafolha
sobre a violência contra a mulher em 2016
A cada hora, 503 mulheres sofreram algum tipo de agressão
física em 2016, segundo pesquisa do instituto Datafolha encomendada pelo Fórum
de Segurança Pública, 9% da população acima de 16 anos relataram ter sido
vítimas de socos, chutes, empurrões ou outra forma de violência.
As agressões verbais e morais, como xingamentos e
humilhações, atingiram 22% da população feminina. Ao longo do ano passado, 29%
das mulheres passaram por algum tipo de violência, física ou moral. Entre as
pretas (expressão usada pelo IBGE), o índice sobe para 32,5% e chega a 45%
entre as jovens (de 16 a 24 anos).
Foram vítimas de ameaças com armas de fogo ou com facas 4% -
1,9 milhão de mulheres. Espancamentos e estrangulamentos vitimaram 3%, o que
representa 1,4 milhão de mulheres, enquanto 257 mil, 1% do total, chegaram a
ser baleadas.
A cada três brasileiros, incluídos homens e mulheres, dois
presenciaram algum tipo de agressão a mulheres em 2016, desde violência física
direta, a assédio, ameaças e humilhações. O percentual é de 73% entre as
pessoas pretas e 60% entre as brancas.
O tal “empoderamento”
Ontem passei na Lagoa, centro de João Pessoa e vi uma mulher
esbravejando belicosamente no microfone, em mais um evento hipócrita promovido
pela prefeitura de João Pessoa, de que “não podíamos mais tolerar isso”, e que
o “empoderamento das mulheres” etc. etc...
O tal discurso do empoderamento que vejo em todas as ações ditas
feministas tanto aqui na Paraíba quanto no resto do Brasil. E percebi que muitas mulheres quando falam em empoderamento não sabem o real significado, mas interpretam mesmo como tomada do poder.
Mas afinal, o que realmente significa esta palavra?
No portal “Significados” diz assim: - “Empoderamento é a ação
social coletiva de participar de debates que visam potencializar
a conscientização civil sobre os direitos sociais e civis.
Esta consciência possibilita a aquisição da emancipação
individual e também da consciência coletiva necessária para a superação da
dependência social e dominação política. ” – Portanto esse conceito evoca uma
luta conjunta, coletiva e não apenas de uma classe, categoria ou um tipo de “minoria”,
que nesse caso é um eufemismo que beira o absurdo.
O que são machismo e feminismo?
O que são machismo e feminismo?
No conceito machista se crê num "sistema
hierárquico" de gêneros, onde o masculino está sempre em posição superior
ao que é feminino. Ou seja, o machismo é a ideia errônea de que os homens são
"superiores" às mulheres.
No conceito feminista, em tese, se prega a busca da
igualdade de direitos entre homens e mulheres. Mas na prática disseminada do
século XXI, o feminismo em sua maioria expressa-se de modo radical e está
contaminado pelo femismo, que por sua vez, pode ser considerado o sinônimo do
machismo (ao mesmo tempo que é seu oposto), pois trata-se de uma ideologia de
superioridade da mulher sobre o homem. O femismo, assim como o machismo, prega
a construção de uma sociedade hierarquizada a partir do gênero sexual; baseada
em um regime matriarcal.
Faca de dois gumes
Em síntese, correndo o risco de provocar a ira femisma, digo
que o discurso de empoderamento da mulher, perdeu na prática o foco de luta
coletiva, tornando-se sim, uma guerra de classes, melhor dizendo, uma guerra
sexista em que não se compartilha, mas disputa-se um espaço de poder.
Não estou aqui para desqualificar o feminismo no Brasil,
muito pelo contrário, para defende-lo em sua origem, pureza de ideais e pedindo
que seja aceita dos dois lados, a participação do homens nesta luta. É uma faca
de dois gumes recusar que os homens sejam parceiros nesta luta.
É preciso lembrar que o movimento feminista no Brasil
começou a tomar corpo no começo do século XX, mais precisamente entre as
décadas de 1930 e 1940. A estrutura familiar e social do brasileiro era
totalmente construída sobre a figura do homem; um regime patriarcal. O
feminismo no país surgiu, assim como em outros cantos do mundo, como uma
tentativa de inserir a mulher brasileira na sociedade, dando voz e expressão às
suas necessidades.
E conseguiu muitas conquistas. E devo lembrar que muitos homens de expressão histórica e pela história tiveram participação efetiva nestas conquistas.
E quem negar isso eu provo...
E quem negar isso eu provo...
E é absolutamente necessário, que depois de quase um século
de luta, se faça uma autocrítica interna, real, verdadeira, à partir de suas
vísceras, crítica que vai do coletivo ao individual. Partindo de questões
políticas e sociais que permeiam e interferem na vida do cidadão e cidadã
publicamente, como também no dia a dia doméstico em família.
E para o sucesso definitivo destes anseios, desejos e
conquistas, é preciso que o homem participe desta luta convicto que está apoiando e lutando pela mais nobre das causas. A luta feminista no
Brasil e no mundo não terá sucesso se o homem estiver fora do processo.
É dar murro em ponta de faca sustentar movimentos que se
dizem feministas e que alimentam a eterna disputa entre homens e mulheres em prol
de sobrevivências individuais e benefícios próprios. Muitos destes movimentos hoje, não só no Brasil,
mas no mundo, são meros cabides de empregos.
Escuto discursos de “feministas” indignadas quando eu digo a
elas que o homem tem que participar do processo ativamente. Elas reagem afirmando
que até numa luta exclusiva das mulheres, queremos interferir e continuar mantendo-as
dependentes dos homens neste processo.
Cegueira total.
Homens esclarecidos, nos quais eu meu incluo, não querem
mulheres dependentes de si mesmos. O machismo para nós é um peso depressivo e
queremos nos livrar disso, além de que grande parte das mulheres são machistas e
gostam disto.
E aos homens que não são esclarecidos, bem formados ou informados, que são machistas por nascença, culturalmente, será impossível
esclarece-los e liberta-los destas amarras, se nós os homens de mais visão não estivermos com as mulheres feministas nesta
luta.
Depois da Lei Maria da Penha, a violência em vez de diminuir aumentou, por causa da própria realidade da punição, o que torna os homens violentos mais raivosos ainda. Mesmo assim, essa lei é fundamental e tem que existir, porque pelo menos agora toda violência contra mulher tem a punição que merece. Pelo menos em tese, mas temos visto sim, a lei aplicar a devida e rápida prisão e punição na maioria dos casos.
Mas se os homens que apoiam a causa feminista estão excluídos do ativismo e do processo de luta, então não podem contribuir para a conscientização de outros homens, não podem concretizar é um trabalho de apoio a causa das mulheres, e que claramente tornou-se muito mais necessário depois que Lei Maria da Penha foi implantada.
Mas se os homens que apoiam a causa feminista estão excluídos do ativismo e do processo de luta, então não podem contribuir para a conscientização de outros homens, não podem concretizar é um trabalho de apoio a causa das mulheres, e que claramente tornou-se muito mais necessário depois que Lei Maria da Penha foi implantada.
Também tem as mulheres que mostram suas convicções que vão contra si mesmas. Muitas mulheres que se dizem feministas na verdade são
machistas ou feministas de conveniência. Um feminismo distorcido. Não deixam que homens lhes digam o que
fazer, mas querem ser bancadas e sustentadas por eles sem questionamentos. Assim até eu quero ser essa mulher.
E a mães? O que fazem para educar seus filhos contra a
violência doméstica?
Todos os agressores e assassinos de mulheres tem mães. Foram
criados por uma mulher.
Porque não foram educados a respeitar as mulheres e a não
agredi-las?
Minha mãe, por exemplo, um exemplo de mulher lutadora e que quando jovem, esteve a frente do seu tempo, tinha tanto ciúmes dos seus filhos homens, que vivia a depreciar as mulheres e seu caráter para que não nos aproximássemos delas. Eu vivi isso. Graças as Deus não sou agressor de mulheres por causa disto, mas isso é uma gota no oceano.
Minha mãe, por exemplo, um exemplo de mulher lutadora e que quando jovem, esteve a frente do seu tempo, tinha tanto ciúmes dos seus filhos homens, que vivia a depreciar as mulheres e seu caráter para que não nos aproximássemos delas. Eu vivi isso. Graças as Deus não sou agressor de mulheres por causa disto, mas isso é uma gota no oceano.
É preciso educar de berço. Não vejo os movimentos feministas
trabalharem para inserir esse conceito nos seios das famílias brasileiras,
conscientizando as mães, aquelas que são omissas, ausentes e que passam a mão
na cabeças dos filhos quando cometem erros, e também aquelas que nomeamos popularmente como “mães judias”, que são dominadoras e manipuladoras de seus
filhos.
O problema é que muito do discurso e prática “feminista” de
hoje, (que está mais para femisma) não valoriza a família. O que faz com que esse trabalho de conscientização acaba ficando
restrito as psicólogas e a escola que está em boa parte ineficiente
neste quesito. O pior é quando a delegada da delegacia da mulher tem que conscientizar e agir em defesa, porque aí é quando já chega com as consequências da violência mostrando seus resultados.
Então como inserir a conscientização feminista em sua
essência as mães, filhas, em suma, na família, se o movimento não se insere no
dia a dia familiar?
E quando dizemos famílias, falamos em homens também. Ou
seja, maridos e filhos tem que participar, tem que assimilar, aprender, entender
e compreender o verdadeiro e ideal papel das mulheres em nossa sociedade.
Sem isso, fica difícil para mim, crer que algumas lideranças feministas que se
dizem representantes da classe e aparecem somente em eventos do Dia da
Mulheres igual a político em dia de eleição, para berrarem aos microfones, “guerra aos homens”, realmente estão
interessadas em chegar a uma definição final e satisfatória no que se refere as
conquistas feministas de macro e de micro porte e principalmente, eliminar a violência contra a mulher.
Homem tem que participar da luta feminista. Homem tem que
ser feminista, sem deixar de ser masculino. Mulher tem que ser feminista sem
deixar de ser feminina.
Sem isso, não mandarei jamais cartões e mensagens no Dia Internacional
da Mulher, porque é somente uma data comemorativa e não há muito do que
comemorar em quase um século de lutas.
Não exercerei a hipocrisia, me recuso.
Homens e Mulheres tem que andar e lutar juntos, mesmo que
separados, exercerem direitos iguais, exercerem diferenças naturais e intelectuais
com respeito e admiração, conquistarem justiça social para todos, qualidade de vida para
todos.
Isso só se consegue com União. A desunião é objetivo das
elites dominantes que separam para continuarem dominantes. Entre eles não há
essa desigualdade. Esses homens e mulheres são igualmente ricos e juntos exploram o
povo.
O Dia da Mulher a meu ver é todo dia, um dia só é pouco.
Porque todo dia temos de galgar degraus, conquistar algo e comemorarmos
pontualmente essas conquistas.
E o homem da classe média tem que estar de mãos dadas nesta
luta, participar ativamente deste processo, porque estes são os que mudarão a
opinião dos homens de outras classes sociais, acima ou abaixo, pelo diálogo ou
pela força.
Melhor o diálogo de que a força, mas revolução se faz nas duas formas, juntas ou não, se for necessário.
Melhor o diálogo de que a força, mas revolução se faz nas duas formas, juntas ou não, se for necessário.
Todos os dias.