A campanha eleitoral, especialmente no contexto de disputas majoritárias como as eleições municipais, tem se tornado um campo fértil para o uso de estratégias manipulativas e ofensivas, principalmente por parte de candidatos que adotam uma retórica extremista, típica da extrema direita. Um exemplo claro desse comportamento é visto nas atitudes do candidato Ricardo Marçal, que disputa a prefeitura de São Paulo. Suas ações e discursos ilustram táticas que não apenas desarmam seus adversários, mas também utilizam uma retórica ambígua para atacar por flancos previamente preparados com palavras amigáveis. Vou detalhar essa estratégia e explorar algumas das situações em que ela foi usada.

A Tática da Ambiguidade: Desarmar para Atacar

Uma das características centrais da estratégia de Marçal é a utilização de declarações aparentemente conciliatórias para, logo em seguida, desferir ataques diretos e calculados. Este método envolve a criação de uma falsa sensação de desarmamento, em que o adversário acredita que um tema ou questão foi resolvido de forma pacífica, apenas para ser surpreendido por um ataque subsequente.

Esse comportamento foi exemplificado depois de um pedido de perdão a José Luiz Datena anterior ao debate na TV Cultura. Marçal pediu perdão ao apresentador por atitudes anteriores, em um gesto que poderia ser interpretado como genuíno e conciliatório. No entanto, poucos dias depois, durante o debate citado, ele voltou a atacá-lo. A tática aqui é clara: ao desarmar temporariamente o adversário com um pedido de perdão, Marçal busca pega-lo desprevenido, expondo suas fragilidades quando menos se espera.

Outro exemplo revelador foi seu comportamento em relação ao atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. Antes do debate desta terça, no UOL/Rede TV, Marçal mandou um bilhete a Nunes, afirmando que não desejava envolver a família nos ataques da campanha, declarando sua intenção de focar nos aspectos políticos. No entanto, logo depois, ele atacou diretamente a família do prefeito, na pessoa de sua esposa. Novamente, temos a estratégia de desarmar previamente o flanco que será atacado. Ao afirmar que respeitaria um limite ético (não atacar a família), Marçal abre o caminho para que, quando o ataque ocorra, ele já tenha minado a resistência do adversário e desviado a atenção da crítica.

A estratégia de ser contra o crime mesmo acusado de fazer parte dele

Marçal também se coloca como um opositor ferrenho do crime organizado, como o Primeiro Comando da Capital (PCC). Contudo, surgiram relatos e processos criminais que sugerem um possível envolvimento de sua campanha com o crime, seja diretamente ou por meio de alianças obscuras. Esta contradição reflete outra faceta da estratégia: projetar uma imagem de opositor para esconder possíveis vínculos ou ações que vão na direção oposta ao discurso. Neste caso, a retórica de Marçal se constrói como um defensor da moralidade e da ordem, mas seus vínculos parecem contradizer diretamente essa imagem, novamente minando a confiança do público e adversários.

Em debates e declarações, Marçal também aplicou essa mesma técnica contra Tábata Amaral. Embora tenha inicialmente adotado um discurso de respeito à jovem parlamentar, posicionando-se como alguém que dialoga com novas ideias, rapidamente ele mudou o tom, utilizando questões pessoais e políticas contra ela. Esta alternância entre discurso amigável e ataques calculados faz parte de uma estratégia para confundir os adversários e criar um ambiente no qual eles não estão preparados para se defender adequadamente.

Como classificar as estratégias da “nova” extrema direita:

Essa estratégia, frequentemente utilizada ultimamente por políticos de extrema direita, pode ser classificada como uma forma de "desarmamento retórico seguido de ataque". Ela se baseia em quatro pilares:

  1. Desarmamento temporário: Criar um ambiente de aparente paz e conciliação, geralmente por meio de desculpas públicas, declarações de respeito ou negações de intenção de ataque.
  1. Ataque por flancos desguarnecidos: Utilizar os momentos seguintes ao desarmamento para atacar justamente o ponto que foi previamente protegido com palavras conciliatórias.
  1. Contradição intencional: Lançar mão de discursos contraditórios, como dizer-se contra o crime organizado enquanto mantém vínculos suspeitos, para confundir o público e dividir a narrativa.
  1. Manipulação da imagem pública: Criar uma imagem de defensor da moralidade e da ordem, enquanto usa táticas inescrupulosas para lacrar nas Redes Sociais, cujo maior objetivo é enfraquecer os adversários.
Políticos experientes que são pegos pela rede da mediocridade

Essa estratégia, que tem sido frequentemente usada por figuras da extrema direita, pode ser vista como habilidosa em um nível estratégico, mas não necessariamente brilhante. Ela é eficaz, especialmente quando os adversários não estão preparados para responder a mudanças rápidas de postura. No entanto, essa estratégia não é inovadora nem complexa – é uma técnica básica de desorientação, onde o foco está em criar uma falsa sensação de segurança para depois atacar em um momento de vulnerabilidade.

Em debates e campanhas eleitorais, os candidatos muitas vezes se preparam para confrontos diretos e esperam que os ataques sejam feitos de forma previsível. Marçal tira vantagem disso ao alternar entre o discurso de conciliação e o ataque, criando um ciclo de confusão que pega os oponentes desprevenidos. Essa técnica funciona principalmente quando os adversários são excessivamente focados em suas próprias defesas e não estão atentos às mudanças de comportamento do oponente.

Por outro lado, o fato de ser uma estratégia básica pode também expor suas limitações. Se os adversários antecipam esse padrão de comportamento, a tática se torna previsível e perde força. É uma abordagem que depende muito da surpresa e da capacidade de desarmar psicologicamente o oponente, mas não necessariamente de um conteúdo ou habilidade mais substancial.

Em resumo, não é uma tática brilhante, mas sim eficaz na exploração de falhas na preparação dos adversários. Adversários mais experientes e atentos podem desarmá-la facilmente, transformando o ataque em uma oportunidade de expor a inconsistência e a desonestidade do candidato.

A utilização de tais táticas, como as exemplificadas por Marçal, tem consequências profundas para a política. Elas criam um ambiente de desconfiança, polarização e desgaste das relações entre candidatos, partidos e eleitores. Além disso, o uso de tais métodos pode resultar em um enfraquecimento do debate público, uma vez que o foco se desvia de políticas públicas e propostas concretas, deslocando-se para o campo das trocas de acusações e manipulações.

O comportamento de Ricardo Marçal em sua campanha é um reflexo de uma tática política que visa desorientar e enfraquecer os adversários por meio de um discurso contraditório e manipulação. Para enfrentá-la, é essencial que os candidatos e o público estejam conscientes dessas técnicas e preparados para expor suas inconsistências e perigos ao debate democrático.

"Quando estamos perto, devemos fazer o inimigo acreditar que estamos longe; quando longe, fazê-lo acreditar que estamos perto."

Sun Tzu - A arte da guerra



A relação entre os partidos políticos e seus representantes regionais é um tema que frequentemente gera debates sobre alinhamento ideológico e fidelidade às diretrizes nacionais. 

No caso do Partido dos Trabalhadores (PT) na Paraíba, particularmente em João Pessoa, essa questão se torna ainda mais relevante ao analisarmos o apoio de membros do diretório estadual e municipal ao prefeito Cícero Lucena, que contraria os princípios e o programa de governo defendido pelo PT em nível nacional. 

Tal postura gera indignação entre os filiados, pois evidencia uma tendência ao fisiologismo e ao distanciamento dos compromissos éticos firmados pelo partido com a população.

O fisiologismo, caracterizado pelo apoio político com base em trocas de favores e interesses pessoais em detrimento do bem comum, compromete a credibilidade de qualquer partido que se proponha a atuar de forma transparente e responsável. 

No caso em questão, os membros que insistem no apoio ao prefeito Cícero Lucena estão, na visão dos críticos, traindo as diretrizes nacionais do PT, que visam à construção de uma política voltada para o interesse popular, com foco no desenvolvimento social e econômico das comunidades mais vulneráveis.

A intervenção da direção nacional do partido, no sentido de forçar uma candidatura própria, a pedido do partido inicialmente, surge como uma tentativa de resgatar a coerência e a unidade interna. 

O PT, historicamente vinculado às pautas de justiça social, direitos humanos e políticas públicas inclusivas, encontra-se, assim, em uma encruzilhada e divergência entre a maioria dos militantes e filiados que querem manter sua identidade ou e o grupo minoritário que está na gestão do partido que cedem aos apelos do pragmatismo fisiológico que se traduz em alianças questionáveis e por isso trabalham em detrimento da campanha eleitoral do candidato 13, Luciano Cartaxo a prefeitura de João Pessoa.

Ademais, ao apoiar uma administração que adota práticas administrativas consideradas contrárias aos princípios defendidos pelo PT, os membros do diretório estadual e municipal perderam a confiança da base militante e dos eleitores que acreditam nos ideais progressistas do partido. A postura deles também revela um distanciamento entre as lideranças nacionais e os anseios da população de João Pessoa, que sofre as consequências de uma gestão pública que não prioriza os interesses coletivos e o real desenvolvimento da Capital da Paraíba.

Em conclusão, o apoio ao prefeito Cícero Lucena por parte de membros do PT na Paraíba representa um desvio ético grave que compromete a coesão partidária e a defesa de princípios essenciais para o partido. Em tempos de crise política e social, é fundamental que os partidos mantenham uma postura de integridade e respeito às suas diretrizes, visando sempre o bem-estar da população e a construção de uma sociedade mais justa.

O agravante desta postura anti ética e fisiologista de gestores do PT da Paraíba e de João Pessoa, se dá ainda mais pelo fato de que o presidente Lula apoia o candidato pelo PT, Luciano Cartaxo, o que configura um sério motim contra o próprio presidente Lula, liderança incontestável do partido e as lideranças nacionais do PT - Partido dos Trabalhadores.


O cinema brasileiro mais uma vez deixou sua marca no cenário internacional, desta vez no prestigiado Festival de Veneza. O filme Ainda Estou Aqui, dirigido pelo aclamado Walter Salles, recebeu uma ovação do público em pé por dez minutos em um dos momentos mais memoráveis do festival. Protagonizado por Fernanda Torres e Selton Mello, o longa foi celebrado por sua profundidade emocional e por sua capacidade de capturar a essência das relações humanas de forma tocante e realista.

Ainda Estou Aqui

O filme, que explora as complexidades dos vínculos familiares e as dores do luto, narra a história de uma mãe (interpretada por Fernanda Torres) que lida com a perda de seu filho, ao mesmo tempo em que tenta reencontrar sua própria identidade e propósito de vida. A narrativa é construída em torno de memórias, sonhos e a difícil aceitação da realidade, temas que Salles aborda com sua habitual sensibilidade e maestria visual.

Walter Salles, conhecido por trabalhos como Central do Brasil e Diários de Motocicleta, mais uma vez se destaca por sua habilidade em contar histórias que são ao mesmo tempo intimistas e universais. Em Ainda Estou Aqui, ele nos conduz por uma jornada emocional profunda, utilizando uma paleta de cores suaves e uma trilha sonora minimalista para intensificar a introspecção dos personagens.

Veneza

O Festival de Veneza, um dos mais antigos e prestigiados do mundo, foi o palco dessa celebração do cinema brasileiro. Após a exibição de Ainda Estou Aqui, o público presente aplaudiu de pé por dez minutos, um reconhecimento raro e reservado apenas para obras que realmente tocam os espectadores em um nível profundo.

Fernanda Torres e Selton Mello, visivelmente emocionados, não conseguiram conter as lágrimas durante o prolongado aplauso. Para ambos, a reação calorosa do público foi a confirmação do impacto que o filme causou, não apenas como uma obra de arte, mas como um espelho das emoções humanas. Em entrevistas após a sessão, Fernanda Torres destacou a importância do filme em sua carreira, descrevendo-o como "um dos papéis mais desafiadores e gratificantes" que já interpretou.

Selton Mello, que além de atuar também é diretor e roteirista, ressaltou o talento de Walter Salles em extrair performances autênticas dos atores, algo que foi fundamental para que o filme alcançasse a ressonância emocional demonstrada pelo público em Veneza.

A crítica internacional foi unânime em elogiar a sensibilidade de Salles e a atuação dos protagonistas. Ainda Estou Aqui foi descrito como uma obra que transcende fronteiras, conectando-se com qualquer pessoa que já experimentou a dor da perda e a busca por redenção. A revista Variety destacou a "direção impecável" de Salles e a "performance brilhante" de Fernanda Torres, enquanto a The Hollywood Reporter afirmou que o filme "consolida Walter Salles como um dos maiores cineastas da atualidade".

O sucesso de Ainda Estou Aqui no Festival de Veneza não só reforça a posição de Walter Salles no cenário internacional, como também destaca a força e a vitalidade do cinema brasileiro contemporâneo. Em um momento em que a indústria enfrenta desafios significativos, a ovação recebida por Salles, Torres e Mello é um lembrete poderoso do impacto cultural e artístico que o cinema pode ter.

O filme já está sendo cotado como um forte concorrente para prêmios em outros festivais e, possivelmente, uma indicação ao Oscar. O filme deve estrear no Brasil nas próximas semanas, onde é esperado com grande antecipação.

Assista o vídeo do momento no Festival:


Kiko Mascarenhas (@kikomascarenhas)


O futebol brasileiro, um dos maiores símbolos culturais do país, é conhecido mundialmente por sua paixão e talento. No entanto, em várias ocasiões, a integridade do esporte foi comprometida por escândalos de corrupção que mancharam a sua história. Três dos maiores escândalos foram a Máfia das Loterias (1982), a Máfia do Apito (2005) e, mais recentemente, a chamada Máfia das Bets, que explodiu em 2023. Cada um desses eventos envolveu manipulação de resultados e interesses financeiros ilícitos, impactando a credibilidade do futebol brasileiro.

Um vídeo curto do jornalista Chico Pinheiro para o ICL (Instituto Conhecimento Liberta) de 1 minuto e 20, chama a atenção pela ênfase dada a Máfia das Bets. Depois de uma minuciosa pesquisa, escrevo esta matéria com detalhes que alertam para um problema, que como diz Chico, ninguém está dando a devida importância na imprensa esportiva nacional.

Máfia das Loterias (1982)

Em 1982, o Brasil foi sacudido por um escândalo que envolveu a manipulação de resultados de jogos de futebol para fraudar o resultado da Loteria Esportiva. A Loteria Esportiva, na época, era extremamente popular, e os jogos de futebol eram fundamentais para o funcionamento do sistema de apostas.

A fraude foi descoberta após a revelação de que um grupo de pessoas, incluindo jogadores, dirigentes e apostadores, estava combinado para manipular os resultados das partidas. O objetivo era garantir que certos resultados ocorressem, permitindo que os fraudadores ganhassem prêmios na Loteria Esportiva. O escândalo levou a uma série de investigações, com prisões e suspensões de envolvidos, mas os danos à credibilidade do futebol brasileiro já estavam feitos. A confiança do público na integridade do esporte foi severamente abalada.

A Máfia do Apito (2005)

Em 2005, o futebol brasileiro enfrentou outro grande escândalo, conhecido como a Máfia do Apito. O esquema foi revelado pelo jornalista André Rizek e envolvia a manipulação de resultados de jogos do Campeonato Brasileiro por um grupo de árbitros liderados pelo então árbitro Edílson Pereira de Carvalho. O esquema consistia em manipular os resultados para beneficiar apostadores em sites de apostas.

Edílson Pereira de Carvalho recebia subornos para garantir que certas equipes vencessem ou perdessem de acordo com as apostas feitas. Quando o esquema foi descoberto, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu anular 11 partidas do Campeonato Brasileiro de 2005, todas arbitradas por Edílson. As partidas foram remarcadas, mas o escândalo deixou uma mancha indelével na reputação do futebol nacional.

Máfia das Bets (2023)

O mais recente escândalo que abalou o futebol brasileiro é a chamada Máfia das Bets, um esquema de manipulação de resultados que veio à tona em 2023. O termo "Bets" refere-se às apostas esportivas, que nos últimos anos passaram por uma explosão de popularidade, em parte devido à legalização e regulamentação do setor no Brasil. Com o aumento das apostas, também surgiram oportunidades para esquemas ilícitos que visam manipular resultados de jogos de futebol, muitas vezes envolvendo jogadores, árbitros e dirigentes.

O Esquema, investigação e impactos

A Máfia das Bets funciona de maneira semelhante à Máfia do Apito, mas com a diferença de que agora as apostas são feitas em plataformas online, muitas delas operando fora do Brasil. O esquema envolve subornos a jogadores e árbitros para que manipulem o resultado de jogos específicos, garantindo que certas apostas sejam vitoriosas. Essas apostas podem variar desde o placar final até eventos específicos dentro do jogo, como número de cartões ou escanteios.

Em 2023, a Polícia Federal e o Ministério Público iniciaram uma grande investigação, batizada de "Operação Penalidade Máxima", para desmantelar a Máfia das Bets. A investigação revelou que jogadores de diversas divisões do futebol brasileiro estavam envolvidos no esquema, recebendo quantias consideráveis para manipular resultados. Alguns jogadores foram presos, enquanto outros foram suspensos e estão sendo processados.

O escândalo atingiu um nível preocupante devido à abrangência do esquema, que não se limitava a uma liga ou região específica, mas envolvia jogos em várias divisões e estados. Além disso, a facilidade de acesso às plataformas de apostas online tornou o esquema ainda mais difícil de detectar e combater, aumentando o risco de manipulação de resultados em um cenário globalizado.

A repercussão do escândalo foi intensa, com torcedores, jogadores e autoridades expressando indignação. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e outras entidades do esporte estão trabalhando em conjunto com as autoridades para combater o problema, implementando novas medidas de monitoramento e regulamentação das apostas esportivas. No entanto, o impacto sobre a credibilidade do futebol brasileiro já é significativo, e o desafio agora é restaurar a confiança do público e assegurar a integridade do esporte.

Quem pode estar envolvido

Vários jogadores foram identificados e estão sendo investigados por supostamente aceitarem subornos para manipular resultados ou eventos específicos dentro dos jogos. Entre os jogadores citados, há tanto atletas de times da Série A quanto de divisões inferiores, o que mostra a extensão do problema em diferentes níveis do futebol brasileiro.

Alguns técnicos também foram mencionados nas investigações, suspeitos de conivência com o esquema, seja por permitir que jogadores participassem da manipulação ou até mesmo por orientá-los a influenciar o resultado de uma partida.

Há indícios de que alguns dirigentes de clubes estariam envolvidos, facilitando o acesso dos apostadores aos jogadores ou recebendo uma parte dos lucros provenientes das apostas fraudulentas. A investigação está focada em entender se houve um esquema organizado dentro de certos clubes, onde dirigentes poderiam ter controlado ou incentivado a manipulação.

Empresários e agentes de jogadores também estão sob investigação, especialmente aqueles que possuem grande influência na carreira dos atletas. Eles podem ter usado essa influência para coagir ou convencer jogadores a participar do esquema.

Alguns empresários, que atuam como intermediários entre jogadores e plataformas de apostas, estão sendo investigados. Esses indivíduos podem ter sido responsáveis por orquestrar a manipulação de resultados, garantindo que as apostas fossem bem-sucedidas em troca de grandes lucros.

Há também menções a empresários com grande participação no futebol nacional, que podem ter usado suas conexões para facilitar o esquema. Esses empresários podem ter influenciado diretamente dirigentes e jogadores.

Até agora, não há nomes específicos de políticos de alto escalão envolvidos diretamente na Máfia das Bets, mas investigações apontam para uma possível influência indireta. Isso inclui a omissão de certas figuras políticas em relação à regulamentação das apostas esportivas, ou até mesmo o favorecimento de certos grupos empresariais que poderiam ter facilitado a operação do esquema.

A possibilidade de lobby político para proteger os interesses de plataformas de apostas ou grupos envolvidos no futebol também está sendo investigada. Esse tipo de envolvimento pode ser mais sutil, mas igualmente prejudicial, pois cria um ambiente onde a manipulação de resultados pode prosperar sem consequências severas.

Conclusão

Os escândalos de corrupção no futebol brasileiro, desde a Máfia das Loterias em 1982 até a recente Máfia das Bets em 2023, refletem a vulnerabilidade do esporte diante de interesses financeiros ilícitos. A cada nova revelação, a confiança do público é abalada, e o desafio de preservar a integridade do futebol se torna mais complexo.

As apostas esportivas, especialmente em um ambiente digital, apresentam novos desafios que exigem uma abordagem robusta e inovadora para proteger o esporte que é um símbolo nacional. O futuro do futebol brasileiro depende da capacidade de aprender com esses escândalos e implementar medidas eficazes para evitar que eles se repitam.

Assista o vídeo do Chico Pinheiro no YouTube


A maior treta de cibersegurança nos EUA em agosto foi o vazamento de 2,7 bilhões de números de segurança social (algo parecido com o nosso CPF). Quem assumiu a bronca foi o grupo USDoD, que já invadiu várias empresas pelo mundo. Agora, uma investigação descobriu quem pode ser o cabeça do grupo: um cara chamado Luan, que é brasileiro.

Um relatório da CrowdStrike, recebido pelo TecMundo, revelou que o tal líder do USDoD seria um homem de 33 anos chamado Luan B.G., que mora em Minas Gerais, Brasil.

Todas as informações sobre ele já foram passadas para as autoridades. Conseguiram identificar até registro fiscal, emails, domínios, endereços IP, contas de redes sociais, telefone e cidade. Não revelaram detalhes específicos ao TecMundo para não expor o Luan totalmente.

“Revelar a identidade de alguém num relatório de inteligência tem seus riscos. Apesar do cara estar envolvido em atividades maliciosas na internet, a vida pessoal dele — como família, fotos e outras coisas — precisa ser protegida, a não ser que tenha algo a ver com a investigação”, disse a CrowdStrike.

O grupo USDoD apareceu nos últimos meses, alegando ataques a várias empresas e organizações. Eles participam de um fórum de cibercriminosos chamado Breach Forums e ficaram conhecidos por vazar dados de empresas como Airbus, Agência de Proteção Ambiental dos EUA, e até o FBI.

O ataque mais recente, que deu o que falar, foi contra a Jericho Inc (National Data Public), dos EUA. Eles roubaram 2,9 bilhões de registros, o equivalente a 277 GB de dados, e colocaram à venda por US$ 3,5 milhões (mais ou menos R$ 19,7 milhões). Esses dados incluíam nomes completos, históricos de endereços dos últimos 30 anos e detalhes de parentes das vítimas.

O grupo também sugeriu que teria invadido a CrowdStrike e vazado dados confidenciais, mas a empresa diz que eram informações que já estavam disponíveis para o público e clientes.

RAMSOWARE

Há boatos de que os ataques do USDoD usaram um tipo de vírus chamado ransomware, e que eles teriam pegado emprestado o malware de outro grupo famoso, o RansomMed.

A investigação da CrowdStrike apontou que Luan B.G. tem um passado como hacktivista, começando lá em 2017, e que em 2022 ele teria começado a se envolver com crimes cibernéticos mais pesados.

Hacktivismo não é sempre crime. Às vezes, é só alguém que usa a internet para defender causas políticas. Mas, no caso do Luan, o que ligou ele aos crimes foi o uso das mesmas descrições de perfil em redes sociais.

“A CrowdStrike está de olho no USDoD desde o final de 2022, quando o grupo afirmou pela primeira vez que acessou dados de uma parceria público-privada dos EUA. Desde então, já relatamos a atividade do USDoD mais de 12 vezes”, disse a empresa.

O HACKER DEIXOU RASTROS

A identificação de Luan foi possível por causa do email que ele usava desde 2017 (“luanbgs22@”), que estava associado a várias contas pessoais e atividades online dele. Ele usava esse email para criar contas em fóruns, editar páginas no GitHub com ferramentas de ataque cibernético, e até para registrar domínios de projetos de hacking.

Um dos detalhes que chamou a atenção foi uma frase que ele usava no Instagram: “I Protect the hive. When the system is out of balance, I Correct” (algo como “Eu protejo a colmeia. Quando o sistema está desequilibrado, eu corrijo”). Essa mesma frase e o email estavam ligados à conta @equationcorp no Twitter.

O cara ainda usava vários apelidos nas redes, como NatSec, NetSec, LLTV, LBG91 e Labs22. A CrowdStrike diz que ele não tinha muito conhecimento técnico no começo, o que facilitou a identificação, principalmente por causa de fotos de perfil e emails.

A VAIDADE DO CRIMINOSO

A vaidade é comum entre cibercriminosos que atacam grandes empresas. Entre 2021 e 2022, outro grupo chamado Lapsus fez o mesmo, atacando empresas como Samsung, Claro, Ministério da Saúde, Rockstar, NVIDIA, JBS e outras.

O USDoD seguiu um caminho parecido. O líder do grupo deu uma entrevista ao site DataBreaches.net em 2023, o que ajudou ainda mais na sua identificação. Na entrevista, ele disse que tinha cerca de 30 anos, dupla cidadania (Brasil e Portugal) e que atualmente morava na Espanha.

Ele contou que começou em 1999, quando tinha 11 anos e entrou numa comunidade brasileira de jogos. Lá, usou suas habilidades para derrubar um pedófilo e foi incentivado por um desenvolvedor do software r3x a aprimorar suas habilidades.

Mas em 2023, ele percebeu que estava se entregando demais e disse no X (antigo Twitter) que todas as informações públicas sobre ele eram desinformações, e até afirmou que tinha cidadania norte-americana.

Não foram só emails e contas de fóruns que entregaram Luan. Em julho de 2024, o fórum cibercriminoso BreachForums sofreu um vazamento que expôs até o IP de seus usuários. Com esses dados, a CrowdStrike descobriu que Luan enviava mensagens de um ISP brasileiro com GeoIP em Minas Gerais.

Em resumo, a CrowdStrike já entregou todas as informações para as autoridades e acredita que o USDoD vai continuar com suas atividades, mas que Luan deve negar as informações ou tentar convencer a galera de que eles erraram ao vinculá-lo ao grupo.

A CrowdStrike afirma que Luan B.G. ainda quer ser reconhecido nas comunidades hacktivistas e cibercriminosas, então provavelmente não vai parar tão cedo.


O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, denunciou uma nova tentativa da Organização dos Estados Americanos (OEA) de impor uma resolução sobre o processo eleitoral na Venezuela.

Nesse sentido, por meio de uma mensagem publicada em sua conta na rede social X, o chefe da diplomacia cubana destacou que esta nova resolução mantém o caráter intervencionista daquela que foi rejeitada anteriormente.

É importante lembrar que, em 31 de julho, a Organização dos Estados Americanos (OEA) não aprovou uma resolução contra o processo eleitoral venezuelano devido à falta de votos e consenso dentro dele.

O órgão regional, do qual a Venezuela não faz parte desde 2019, votou pela emissão de uma declaração intervencionista contra as eleições presidenciais de domingo, 28 de julho, na qual o presidente da República, Nicolás Maduro Moros; no entanto, a abstenção de muitos países e a ausência de outros não alcançaram o objetivo da OEA.


 

Imagem da Internet


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Não, não estava sendo mal educado em não responder no messenger, aplicativo de mensagem do Facebook. Só não entendia porque uma garota de seus 16,17 anos aparentemente queria conversar com alguém muito mais velho do que ela.

Há vários meses venho recebendo pedidos de amizade no Facebook, de supostas jovens que agem como adultas, e assim que aceitava, elas tentavam iniciar um diálogo pelo aplicativo de mensagens da plataforma. Como eu tenho o hábito de visitar qualquer perfil que me pede amizade antes de aceitar, houve inclusive quem eu não aceitei a amizade, mas mesmo assim, o perfil tentava iniciar um diálogo do mesmo modo que mencionei acima.

O padrão é esse: jovens muito bonitas, sempre do Rio Grande do Sul com poucas fotos no perfil da plataforma, mas com shortinhos sensuais, fotos na frente do espelho, fazendo biquinho além de uma ou duas fotos com criança para aparentar um ambiente familiar. Detalhe. Não existe fotos com famíliar, pai, mãe, etc.

Vou contar de forma resumida, que recentemente uma jovem me pediu amizade, no mesmo estilo das outras. Fiquei curioso, minha intuição jornalística me avisava que tinha golpe nessa história. Mas antes de aceitar, acionei o Google e fiz uma pesquisa na internet sobre jovens que visitavam facebook de pessoas mais velhas.

Fiquei espantado com a quantidade de denúncias matérias, vídeos, etc que denunciavam o "Golpe dos Nudes". Tudo no Rio Grande do Sul. Muita coisa sobre o tema. E naquele momento a minha verve jornalística, ainda que mediana, me alfinetou para que eu desse continuidade as estas conversas.

E assim aceito a amizade, respondo e dou corda. "Ela" pergunta se estou bem, o que eu faço, conversa normal, até que ela coloca o número do whatsapp sem a menor cerimônia. É modus operandis. 

Muito bem, adicionei no zap, conversa vem, conversa vai, chegou um momento em que ela disse que ira tomar banho e depois retornava. Perguntei a idade dela: 15 anos. Fingi que estava chocado e ela foi logo dizendo que gostava de homens mais velhos. Quando retorna, recebo uma foto de calcinha e sutiã da menina, dizendo que estava secando os cabelos.

Não era uma foto real. Mas vamos em frente.

Eu escrevo expressões de surpresa, ela disse que não tem problema e repetiu novamente que gostava de homens mais velhos, desta vez demonstrando certa indignação pela minha reação. Prestem atenção no detalhe. Essa afirmação é o gatilho pra que os homens comecem a cair na armadilha. Claro, e a foto dando a ideia que foi tirada em tempo real, fechava o teatro para o otário cair direitinho. Ainda enviou outra foto no banheiro secando o cabelo, de calcinha e sutiã e enviou.

Foi pra cama e na conversa pediu para que eu enviasse fotos. Eu, já atento a dramatização da coisa, usei o mesmo método dos golpistas. Copiei fotos íntimas e públicas da Internet, com enquadramento e sem o rosto e fui enviando com um mecanismo de visualização única pra ver se "ela" pediria fotos que possibilitassem várias visualizações.

Nunca entrou no detalhe da visualização única, mas pedia sempre fotos para ver se eu mandava uma no envio normal. Até que eu vacilei e mandei uma repetida na visualização única. Ela supeitou e  reclamou que eu estava mentindo, que as fotos não eram de tempo real e finalmente alegou que a mãe chegou de surpresa e que precisava tomar seu remédio. Não me respondeu mais.

E aqui vai uma observação: como uma adolescente de 16 anos teria a lucidez ou perspicácia de saber que uma foto não era real, mesmo repetida. E ainda perguntou e era dia em João Pessoa, porque em Porto Alegre já era noite. Ri intimamente na hora. E claro que não era ignorância. Era ironia adulta, não muito comum em uma adolescente.

Mas eu queria me arriscar, saber mais. Fui no perfil em que eu não adicionei a amizade e respondi com boa noite no app de mensagens a mensagem que este perfil havia me mandado. Não demorou um minuto e ela me respondeu. Naquela hora já estava tarde e o sono me invadia. Não respondi e dormi até o dia seguinte.

Amanheceu e vi mais mensagens dela e o número de whatsapp que ela enviou. Novamente o modus operandis. "Elas" enviam o número de whatsapp sem a menor cerimônia. Adicionei. Tenho todo um ritual pra levantar, tomar banho e café quando acordo. Mas não iria perder a oportunidade de confirmar se era o Golpe dos Nudes.

Mesmo modelo da conversa anterior com o outro perfil, ela enviando imagens e falando sacanagens e eu enviando imagens aleatórias da internet com visualização única, até que resolvi enviar uma foto sem este recurso, de forma proposital para dar uma suposta prova de assédio infantil. 

Naquele momento ela me enviou um vídeo, de uma mulher nua no banheiro como se fosse ela, mas claramente o corpo diferia das fotos no face e que ela enviou pelo zap. No vídeo ela estava sentada no chão do banheiro em posição vulnerável de repente um barulho de porta batendo. Surpreendida a garota do vídeo, levanta bruscamente e tudo apaga.

Já notei logo naquele momento, que se ela foi surpreendida gravando um vídeo, jamais conseguiria enviar-me pelo whatsapp. Numa situação destas não daria tempo para apertar o botão de stop e em seguida a seta de enviar no mesmo segundo. O vídeo simplesmente apagou com ela levantando bruscamente.

Não havia dúvidas que era um vídeo que foi retirado de algum site adulto e cortado para fazer de conta que ela havia sido pega no flagra. não aparecia o rosto, só um corpo que não correspondia a um corpo de menina adolescente de 16 anos e ao corpo da foto dela. Era pelo menos uns 6 anos mais velho. Fácil de enganar os desprevenidos.

Fiquei pensando e esperando o que viria a seguir. E foi aí que se deu o desfecho da armação. O ápice do golpe! Se demorou 15 minutos para eu receber uma ligação pelo whatsapp, foi muito. Não havia nem levantado da cama ainda.

A ligação tinha uma imagem no perfil da Delegacia Online do RS. Mas o número era particular, do tipo business, também do código 51-RS. E um homem, que já sabia meu nome, se identificou como delegado e já me acusando de assédio sexual contra menores, me ameaçou e disse que mandaria a PC daqui de João Pessoa me prender sumariamente, por abuso sexual de menores, crimes, etc.

Foi uma verborragia de tantas coisas sem noção e mostrando total desconhecimento de procedimentos e protocolos de uma investigação policial neste caso, ou pelo menos é o que me pareceu. Também apostam na desinformação das pessoas. Bom, assim foi até que começou a extorsão.

Disse que poderíamos entrar num acordo amigável e que alguém da família da jovem entraria em contato. Poderia ter me estendido mais nesse procedimento, mas fui ficando irritado, o que não é profissional, mas fui bem direto e firme e disse que queria receber a intimação e que me interessava saber quem eram eles. E desliguei.

Mas vejam o detalhe: se eu não estivesse programado e preparado pra isso, entraria em desespero como muitos incautos devem ter entrado. Essa técnica é infalível e eles sabem fazer muito bem, tirando, é claro, a ignorância deles dos protocolos policiais. Falha deles. Sendo bandidos e tendo advogados deveriam saber. Ou então simplesmente apostam na ignorância da vítimas do golpe.

Também não demorou 2 minutos depois , recebo uma mensagem pelo whatsapp, de alguém supostamente da família da jovem, me ameaçando, que denunciou, que iria me expor perante amigos, familiares e a sociedade, que iria ficar famoso. Nem me dei ao trabalho de responder. 

Tudo indica que era o delegado em outro número. Se não era, o modus operandis, segundo a Comunicação Social da PC do RS era ter um que se fazia da lei e outro que se fazia da família. Apenas anotei o número, tanto este quanto do delegado e bloqueei. Já tinha chegado ao meu objetivo pelo menos por aquele momento.

Entrei em contato com o whatsapp de Denúncias da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, encaminhei a denúncia do golpe com todos os detalhes e com os números do whatsapp dos criminosos e liguei para a Comunicação Social da corporação no estado para falar com a Assessoria de Imprensa.

O assessor esclareceu ao telefone que o Golpe do Nude é uma prática comum e tem em sua maioria a característica de ser do próprio RS. Mas que eles atuam em outros estados também. Houve inclusive uma investigação em 2021 que desbaratou uma quadrilha especializada neste golpe, e que eles criaram até mesmo, pasmem, uma delegacia fake. Com supostos policiais e tudo. 

Ontem, logo depois de publicar esta matéria neste blog, desbloqueei o número do "delegado" que me ligou na parte da manhã e aguardei apra ver se haveria alguma reação. 

1 minuto depois apenas o cara vem me ameaçando de novo, dizendo que já que eu não teria tido uma conversa amigável com ele, a coisa agora iria esquentar pra mim. O mesmo blá, blá blá. Que eu seria exposto a opinião pública, famílias, amigos por conversar com crianças na internet. Só não ri do meliante, porque esse cara tem o dom de irritar.

Me controlei e fiquei conversando com o malandro, dando mis corda, ele ameaçando de tudo quanto é jeito, até que eu disse que a lei o alcançaria e tal e foi aí que ele soltou a pérola:

- Tô ficando com medo e acho que eu vou fugir daqui, hoje mesmo vou pedir ao guardo para abrir a porta.

Presídio! O cara estava falando comigo do presídio! Ou cadeia. Tanto faz. Se entregou sem mesmo piscar os olhos. Claro que tem cumplices fora das grades. Mas claramente o "Delegado" do DECA-RS estava enjaulado!

Hoje, com mais elementos, fui fazer a denúncia na Delegacia de Crimes Cibernéticos da Paraíba. E digo uma coisa,  a polícia aqui não veio pra fazer turismo não. A Polícia daqui e de Natal é sangue nos olhos. Fiz o Boletim de ocorrência com a denúncia das ameaças, para que houvesse mecanismos par se iniciar uma investigação, acionando também a Polícia Civil do RS. 

Pois bem, agora a tarde, recebi mais uma ligação, desta feita de outra pessoa, imitando o jeito de falar de um policial da Rota, mas se dizendo da Delegacia de Policia Civil do RS. Sem falar o distrito e sem se identificar, me perguntou de novo a clássica pergunta destes quadrilheiros:

- Você conversou com uma criança daqui ontem no seu whatsapp?
- Não. Conversei com uma pessoa que está no presídio se passando por uma garota..

O cara ficou mais agressivo ainda, porque essa é a tática deles, se meteu a valentão e desligou. Que atitude policial é essa?  O problema, caros leitores, é que a maioria das pessoas que são vítimas deste golpe não tem o preparo, nem psicológico e nem a informação necessária que um jornalista investigativo ou um policial detetive tem pra lidar com uma pressão deste nível com estratégias elaboradas. 

Ficam desesperados e não percebem os erros em série de procedimentos que estes meliantes comentem. Não vou detalhar aqui estes erros crassos, porque seria dar um curso pra estes golpistas melhorarem sua tática e abordagem. Mas eles já sabem que eu descobri o que estão fazendo.

Como já disse antes, em 2021, a polícia do RS desbaratou essa quadrilha. Mas não se acaba totalmente, porque mesmo presos, por algum motivo conseguem agir de dentro das prisões. Atualmente este tipo de crime se atualizou no método com algumas diferenças dos golpes até 2021, expandindo e buscando perfis de outras regiões do país, e segundo informações da Polícia Civil, recebem denúncias até do exterior.

O assessor me passou um link do site da PC para ter acesso a uma série de orientações contra esse tipo e outros golpes, que podemos baixar em pdf.

Acessei, vi orientações para recuperar rede sociais hackeadas, contra o golpe do Pix, BO online, mas não achei nada referente a esse tipo de golpe. Uma dica é os paraibanos a acessarem o site da PC da Paraíba.

Questionei  a Comunicação Social da PC do RS, que ainda esse tipo de golpe era difícil de ser denunciado, porque a vítima também pensaria que está supostamente incorrendo em um crime e ficaria com medo, sem pensar que não há nenhuma garota do outro lado. O assessor então, só me disse que poderia ser enviada de forma anônima. Não sei se funciona, mas ok.

Pra finalizar, é importante ficar atento aos sinais, escutem sua consciência, porque este tipo de golpe é pesado e os dissabores são grandes. Eu arrisquei para escrever uma matéria, e enviei imagens e texto sabendo que não existe garota nenhuma do outro lado. São golpistas.

O padrão do Golpe dos Nudes inclui a busca por perfis mais velhos, "elas" cedem o número do whatsapp primeiro, enviam imagens primeiro, tem semelhanças nos perfis, uma era confeiteira com 15 anos de idade, e a outra era filha de 16 anos de mãe confeiteira, tem poucos amigos no facebook, sempre fotos de shortinhos, e na frente do espelho também, com pouquíssimas atualizações no conteúdo do perfil. E se for do Rio Grande do Sul, mais cuidadoainda, porque é certeza do Golpe dos Nudes!

Nunca mande imagens suas, nem vídeos e cuidado com as palavras. Sempre. Essa parte é bem complicada, porque "elas" é quem assumem a iniciativa de iniciar uma conversa mais quente e mandar imagens. É golpe. 

Outra coisa, se a pessoa quiser saber se a moça tem idade legal e compatível, no meio da conversa, faça uma chamada de vídeo pra ver se ela atende e aparece. É ai que se mata a charada. Na regra, não atende e sai da conversa, justificando sempre que alguém apareceu na hora.

Meninas novas não procuram homens mais velhos no Facebook ou qualquer outra rede social. São homens maldosos que justificam seus crimes num suposto agir em defesa das meninas e adolescente. 

Balela. Caô dos grandes. Não existe o perfil que se mostrou nas redes, Não existe garotas ou meninas. Só bandidos.

Pra quem quiser denunciar o Golpe do Nudes, os contatos da Polícia Civil da Paraíba é:

Delegacia Online — Polícia Civil (policiacivil.pb.gov.br)

Telefone para denúncias: 197

Central de Polícia no Viaduto do Geisel

Polícia Civil do Rio Grande do Sul:

Telefone para denúncias: 197

whatsapp: 51 98444-0606

Ou procure a Polícia Cívil de sua cidade.



Não gosto da câmera lenta nos filmes. Não é real. A vida é muito rápida e não entendo porque os diretores colocam o efeito de lenta nos filmes. A vida, tal qual uma correnteza, flui implacavelmente, sem pausas para contemplações artificiais. O relógio não concede clemência, cada segundo passa sem misericórdia, impiedoso. No mundo real, tudo acontece com uma urgência palpável, onde as emoções surgem e se desvanecem com a rapidez de um piscar de olhos.

Por que, então, insistir em retardar a velocidade da vida com o artifício da câmera lenta? Os filmes tentam capturar a profundidade dos momentos, alongando olhares, sorrisos, e gestos que, na realidade, são fugazes. A câmera lenta parece um esforço desesperado para dar peso ao que é leve, para prolongar o efêmero. Na vida cotidiana, as despedidas são rápidas, os abraços são breves, e as oportunidades, passageiras. Nada espera, tudo se move com uma pressa insaciável.

Assistir a um filme onde cada movimento é esticado, onde as ações são desmembradas em fragmentos lentos, é frustrante. A vida não tem paciência para tais luxos. Cada decisão, cada passo, é tomado com a urgência do agora, sem espaço para revisitar o momento em câmera lenta. Os filmes que utilizam esse efeito parecem desconectados da realidade frenética que vivemos. Eles distorcem o ritmo natural do tempo, criando uma ilusão de permanência que não existe.

A câmera lenta nos filmes me parece uma traição à verdadeira natureza do tempo. Ela tenta impor uma reflexão forçada onde deveria haver apenas a fluidez do instante. Na busca de uma profundidade estética, os diretores esquecem que a verdadeira beleza da vida reside em sua impermanência, em sua velocidade. A realidade não se desenrola com a lentidão de uma cena cinematográfica; ela avança implacavelmente, como um rio caudaloso.

A câmera lenta não respeita o ritmo implacável da vida. Ela é um artifício que tenta fixar o que é, por natureza, inconstante. Na pressa do cotidiano, encontramos a essência da existência: cada momento é precioso precisamente porque é breve, porque não podemos segurá-lo, porque ele escapa entre os dedos como areia fina.

Transformar o efêmero em duradouro através da lente de uma câmera despreza a verdade de que a vida não é uma sequência de quadros estendidos; é uma sucessão rápida de momentos que nos desafia a acompanhar seu ritmo. A câmera lenta, ao tentar capturar a eternidade de um instante, falha em compreender a verdadeira natureza do tempo. E, assim, na busca pelo que é de fato, a rejeito, preferindo a velocidade sincera da vida real.

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Depois das derrotas do Governo Lula no Congresso sobre temas da pauta de costumes, a oposição bolsonarista percebeu que o caminho para anular o poder de voto dos candidatos governistas nos municípios é colocar esse governo em conflito com suas bases e o eleitorado conservador, principalmente entre os cristãos. Um exemplo claro e forte desta estratégia é o projeto de lei 1904/24.

A proposta de lei 1904/24, apresentada pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), representa um exemplo clássico de conservadorismo retórico, uma manobra destinada a atender interesses eleitorais à custa dos direitos humanos e da saúde das mulheres. Este projeto de lei, que compara o aborto a homicídio, não é apenas um retrocesso jurídico e social, mas também um ataque direto às conquistas fundamentais das mulheres brasileiras.

A apresentação dessa lei em um ano de eleições municipais é uma demonstração clara do oportunismo político da extrema direita. Ao mirar os eleitores evangélicos, cristãos e conservadores, Cavalcante tenta angariar apoio de uma base específica, prejudicando deliberadamente o PT, (criando conflitos na base eleitoral) e o governo progressista do presidente Lula no pleito. Este movimento calculado não visa o bem-estar da sociedade, mas sim a consolidação de um poder baseado no conservadorismo da extrema direita e na manipulação de valores morais com fins políticos.

Diferença Fundamental entre Aborto e Homicídio

É uma excrescência comparar aborto ao homicídio, e essa comparação revela uma profunda falta de compreensão sobre os direitos reprodutivos das mulheres e a complexidade das questões envolvidas.

O homicídio é a interrupção ilegal da vida de uma pessoa já nascida e reconhecida como um indivíduo com direitos completos sob a lei. Já o aborto é a interrupção de uma gravidez, que envolve o corpo e a saúde da mulher que está gestando. Essa distinção é crucial porque, no caso do aborto, estamos tratando de uma questão que envolve a autonomia corporal da mulher e seu direito de decidir sobre seu próprio corpo e saúde.

Comparar aborto a homicídio é uma negação dos direitos reprodutivos das mulheres, que incluem o direito de decidir se, quando e sob quais circunstâncias ter filhos. Isso é um componente essencial da autonomia pessoal e da igualdade de gênero. Forçar uma mulher a levar adiante uma gravidez indesejada é uma forma de controle estatal sobre o corpo feminino, violando direitos fundamentais.

Contramão dos Direitos Humanos Internacionais

Internacionalmente, essa proposta de lei coloca o Brasil na contramão da história e do progresso. Organizações como a ONU e diversos países europeus já condenaram esse tipo de legislação, que desrespeita os direitos reprodutivos das mulheres e ignora os avanços globais em matéria de saúde pública e direitos humanos. Ao insistir em uma agenda retrógrada, Sóstenes Cavalcante não só ignora as evidências científicas e as recomendações internacionais, mas também coloca o Brasil em uma posição vergonhosa perante a comunidade internacional.

Países com legislações mais progressistas sobre o aborto geralmente têm melhores resultados de saúde materna e maior igualdade de gênero. Equiparar o aborto ao homicídio vai na contramão desses avanços e coloca o Brasil em uma posição retrógrada em relação aos direitos das mulheres.

Consequências Sociais e Psicológicas e para a Saúde Pública

A criminalização do aborto tem graves consequências psicológicas e sociais. Mulheres que são forçadas a levar adiante uma gravidez indesejada podem sofrer danos psicológicos significativos, além de enfrentar estigmatização social, ameaça de prisão e dificuldades econômicas. Isso afeta não apenas as mulheres, mas também suas famílias e comunidades.

Comparar o aborto ao homicídio é uma excrescência porque simplifica uma questão complexa, além de ignorar os direitos e a autonomia das mulheres, perpetua uma agenda política conservadora que prejudica a saúde e a igualdade de gênero. Em vez de avançar políticas que respeitem e protejam os direitos das mulheres, essa comparação serve apenas para perpetuar um ciclo de opressão e desigualdade. A sociedade brasileira deve resistir a essas tentativas de retrocesso e continuar lutando por um futuro onde os direitos reprodutivos e a autonomia das mulheres sejam plenamente respeitados.

As consequências dessa lei para meninas e mulheres estupradas que engravidarem são gravíssimas e inaceitáveis. Primeiramente, a proibição do aborto em casos de estupro força vítimas a carregarem uma gravidez indesejada, causando traumas psicológicos severos e perpetuando um ciclo de violência. Além disso, a criminalização do aborto coloca essas mulheres em situações de risco, levando muitas a recorrerem a métodos inseguros e clandestinos, com altos índices de mortalidade materna. O impacto na saúde física e mental dessas mulheres é devastador, comprometendo suas vidas e violando seu direito à dignidade.

Reação em cadeia, não na cadeia

A reação da sociedade civil e das mulheres, que já começam a tomar as ruas em protesto, é um reflexo da indignação e resistência contra essa barbárie. Movimentos feministas, organizações de direitos humanos e cidadãos conscientes se unem para combater essa legislação absurda e defender os direitos das mulheres. As manifestações são uma demonstração poderosa de que a sociedade brasileira não aceitará passivamente a retirada de direitos fundamentais e continuará a lutar por um país mais justo e igualitário.

A articulação do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, para votar a urgência dessa lei só reforça a conivência/cumplicidade com esse ataque aos direitos das mulheres. Lira, ao priorizar essa pauta, demonstra uma clara aliança com o conservadorismo extremo e uma total falta de compromisso com a justiça social e os direitos humanos. A postura de Lira é, no mínimo, canalha e preocupante, pois coloca interesses políticos pessoais acima do bem-estar da população feminina do Brasil.

Em resumo, o Projeto de Lei 1904/24 é uma afronta aos direitos das mulheres e um grave retrocesso social. É crucial que a sociedade continue a se mobilizar contra essa proposta, defendendo um Brasil onde os direitos reprodutivos e a dignidade humana sejam plenamente respeitados.
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Nos becos sombrios da história, o fascismo nunca desapareceu realmente. Espreitando nas sombras, está sempre pronto para ressurgir com nova fantasia. E por este motivo, muitos críticos apontam que a mídia corporativa global tem sido cúmplice, senão protagonista, nesse revival sinistro. No entanto, o que é chamado de "novo fascismo" não passa de uma versão reciclada do fascismo tradicional, agora adaptada às novas realidades e tecnologias do século XXI.

A Renascença do Autoritarismo

O fascismo clássico, por assim dizer, emergido nas décadas de 1920 e 1930, foi marcado pela centralização do poder, a glorificação de um líder carismático, o nacionalismo exacerbado e a supressão brutal de dissidência. Seus métodos eram visíveis, seus horrores palpáveis. No entanto, se as estratégias mudaram com o tempo, os objetivos do fascismo moderno permanecem assustadoramente familiares.

Atualmente, esse velho espectro ressurge com novas ferramentas à sua disposição. A mídia corporativa, com seu alcance global e poder de moldar narrativas, tem desempenhado um papel crucial nesse processo. Através de uma combinação de desinformação, manipulação emocional e amplificação de vozes autoritárias, a mídia muitas vezes ajuda a pavimentar o caminho para o retorno de políticas e ideologias que antes julgávamos enterradas e relegadas ao passado.

A era digital trouxe uma proliferação de plataformas de informação, mas paradoxalmente, também fortaleceu o controle centralizado de grandes conglomerados midiáticos. Estes conglomerados frequentemente determinam quais vozes são amplificadas e quais são silenciadas. Através de manchetes sensacionalistas, cobertura enviesada e a perpetuação de discursos polarizadores, a mídia corporativa cria um ambiente onde o fascismo pode renasce e pode prosperar com uma imagem supostamente nova e contemporânea.

Esse novo fascismo adota um verniz de respeitabilidade e conservadorismo, utilizando a linguagem da democracia e da liberdade enquanto, na prática, mina esses mesmos valores. Através da repetição incessante de narrativas que demonizam minorias, exaltam líderes fortes e depreciam a complexidade da política. Neste terreno fértil, a mídia contribui para a construção de uma sociedade mais receptiva ao autoritarismo.

Uma das armas mais potentes deste suposto "novo" fascismo é a desinformação. Notícias falsas e teorias da conspiração, disseminadas amplamente através de redes sociais e veículos de mídia de massa, criam um ambiente de medo e incerteza. Nesse caos informacional, a figura do "salvador forte" se torna atraente para muitos, ressoando com as antigas táticas fascistas de apresentar um líder carismático como a solução para todos os problemas.

A supressão da dissidência continua sendo uma característica central do "novo" fascismo. No entanto, as estratégias modernas são mais sutis. Em vez de campos de concentração e execuções sumárias, vemos campanhas de difamação, censura velada e a marginalização de vozes opositoras através de algoritmos e políticas corporativas. A mídia corporativa, ao alinhar-se com interesses políticos e econômicos, frequentemente ignora ou minimiza vozes críticas, contribuindo para um ambiente onde o dissenso é desestimulado.

A Origem das Fake News

As "fake news", ou notícias falsas, não são um fenômeno exclusivamente moderno; suas raízes remontam a tempos antigos. Desde que o ser humano começou a comunicar-se por meio de escrita e linguagem, a disseminação de informações falsas tem sido utilizada como uma ferramenta para manipular, enganar e influenciar.

Na Roma Antiga, por exemplo, o imperador Augusto utilizava propaganda para desacreditar seus inimigos políticos. Durante a Idade Média, rumores e mentiras eram frequentemente espalhados para incitar revoltas ou justificar guerras. No entanto, o termo "fake news" ganhou destaque contemporâneo com a ascensão da internet e das redes sociais, que proporcionaram um ambiente fértil para a rápida disseminação de informações, verdadeiras ou falsas, a uma audiência global.

A explosão de mídias sociais, blogs, e outras plataformas de comunicação digital no início do século XXI criou novas dinâmicas de informação, onde qualquer pessoa pode criar e compartilhar conteúdo sem a necessidade de verificação ou validação. Este cenário, aliado à busca incessante por cliques e engajamento, propiciou o surgimento de um vasto ecossistema de fake news.

As fake news

Analisando as fake news, é fácil classifica-las em algumas categorias principais que servem de direção para identifica-la ao que exatamente elas estão servindo:

1. Manipulação Política
  • Uma das motivações mais comuns para a criação de fake news é a manipulação política. Partidos, candidatos e governos utilizam notícias falsas para influenciar a opinião pública, desacreditar adversários, ou promover agendas específicas. Este uso de desinformação é particularmente evidente durante períodos eleitorais, onde o impacto das fake news pode alterar significativamente o resultado de votações.
2. Ganhos Financeiros
  • Muitos criadores de fake news são motivados pelo lucro financeiro. Notícias sensacionalistas, chocantes ou altamente polarizadoras geram mais cliques, compartilhamentos e visualizações, que podem ser monetizados através de publicidade. Sites e páginas de redes sociais que se especializam em fake news frequentemente lucram com o tráfego gerado por suas postagens virais.
3. Desestabilização Social
  • Fake news também são usadas como uma arma para criar caos e desestabilização social. Governos ou grupos externos podem disseminar desinformação para semear discórdia, medo e desconfiança em sociedades adversárias. Esta tática pode enfraquecer a coesão social e minar a confiança nas instituições democráticas.
4. Reputação e Vingança
  • Individuais ou grupos podem criar e espalhar fake news para destruir reputações pessoais ou empresariais. Difamação e calúnia são antigas ferramentas de vingança, agora amplificadas pelo alcance instantâneo das redes sociais.
5. Entretenimento e Sátira
  • Embora menos maliciosas, algumas fake news são criadas puramente para entretenimento ou sátira. No entanto, a falta de clareza entre o que é sátira e o que é apresentado como fato pode levar a uma confusão significativa entre os consumidores de notícias.
Conclusão

O novo fascismo, portanto, não é uma novidade. É uma continuação, uma adaptação do velho fascismo às novas realidades do mundo moderno. E a mídia corporativa global, através de suas práticas e escolhas editoriais, tem sido acusada de flertar perigosamente com essa ideologia. O desafio para a sociedade contemporânea é reconhecer essas táticas, criticar essas alianças e lutar pela preservação de uma mídia verdadeiramente livre e plural, que sirva ao interesse público e não aos desígnios autoritários. Somente assim poderemos evitar que os fantasmas do passado se tornem os senhores do presente.

E na outra ponta, as fake news. A proliferação dessa modalidade de "informação" representa um desafio significativo para a sociedade contemporânea. Suas origens históricas mostram que a disseminação de informações falsas é uma prática antiga, mas a escala e velocidade com que podem ser propagadas hoje são sem precedentes. Entender os objetivos por trás das fake news é crucial para desenvolver estratégias eficazes de combate e educação, promovendo um ambiente informacional mais saudável e confiável. A alfabetização midiática e a verificação rigorosa de fatos são ferramentas essenciais na luta contra a desinformação, garantindo que a verdade prevaleça em meio ao ruído.

Reprodução | Redes Sociais

Maria da Conceição Tavares, nascida em Aveiro, onde o mar beija a terra com um abraço eterno, veio ao mundo com uma mente que desafiaria os tempos. Em Portugal, sua terra natal, ela começou a trilhar um caminho que a levaria ao Brasil, um país que adotaria como lar e campo de batalha intelectual.

Em suas mãos, a economia brasileira encontrou uma guia, uma voz que articulava as complexidades com a simplicidade de quem conhece o coração do país. Na UFRJ e na Unicamp, ela ensinou não apenas com livros e projeções, mas com a história viva que cada aluno trazia consigo. Seu método era não apenas transmitir conhecimento, mas despertar a curiosidade e o desejo de entender mais.

Maria da Conceição Tavares foi uma voz poderosa na economia brasileira, uma defensora incansável do desenvolvimento com justiça social. Ela acreditava que o Estado tinha um papel fundamental no desenvolvimento econômico do país, e essa foi uma das linhas fortes de sua pensamento.

Ela era conhecida por sua defesa fervorosa do Plano Cruzado e pelo combate à inflação, um momento crucial na história econômica do Brasil. Em 1995, ela deu uma entrevista ao programa “Roda Viva”, onde expressou suas críticas ao que ela via como uma falácia na abordagem da economia brasileira: a necessidade de primeiro estabilizar, depois crescer e depois distribuir. Argumentava que essa sequência não funcionava bem no Brasil, pois o país não conseguia estabilizar, crescer de forma consistente e distribuir os benefícios de forma equitativa.

Tavares também foi influenciada por outros economistas progressistas como Celso Furtado, Caio Prado Jr. e Ignácio Rangel, que acreditavam que a economia não podia ser separada do contexto social e político. Sempre defendeu que a economia era um instrumento para melhorar socialmente e politicamente uma nação.

Sua carreira foi marcada por passagens importantes no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Grupo Executivo da Indústria Mecânica Pesada (Geimape). Ela também lecionou no Chile e no México, compartilhando suas ideias com gerações de estudantes.

Maria da Conceição Tavares deixou um legado indelével na economia brasileira, não apenas por suas ideias, mas também por sua dedicação à formação de novos economistas que continuariam a trabalhar pela justiça social no país. Seu pensamento continua a inspirar aqueles que buscam uma economia mais inclusiva e equitativa.

Com o PT, ela entrou na arena política, onde suas ideias econômicas se entrelaçaram com a luta social. Foi uma deputada federal, mas também uma conselheira, uma voz que ecoava nas salas de decisão com a força de suas convicções.

Os prêmios que recebeu foram apenas reconhecimento público do que ela já sabia: que sua obra era mais do que números e teorias; era uma paixão por um Brasil melhor. O Prêmio Jabuti e o Prêmio Almirante Álvaro Alberto foram apenas pontapés no caminho de uma jornada que nunca terminaria.

Em Nova Friburgo, onde o verde dos campos se mistura com o azul do céu serrano, ela deixou sua marca. Seu legado é como as montanhas ao redor: imponente e eterno. E quando Lula chamou-a de “uma das maiores da nossa história”, ele não estava errado. Maria da Conceição Tavares foi mais do que uma economista; foi uma poetisa da realidade brasileira.

Seu nome é agora parte do tecido da nação, um fio que une passado e futuro. E embora ela tenha partido para o céu em 2019, sua memória permanece viva, como as palavras de Saramago que continuam a inspirar gerações futuras.